Ascaridíase e o Ascaris lumbricoides
O Ascaris
lumbricoides, popularmente conhecido como lombriga ou bicha, é o agente
etiológico da doença ascaridíase. O parasito é um helminto do filo Nematoda e está
distribuído no mundo todo e presente em todas as regiões do Brasil, com maior incidência
no Norte e Centro-Oeste.
Morfologia
O Ascaris
lumbricoides possui três fases com características morfológicas distintas:
ovo, larva e forma adulta.
Ovo – é redondo com uma camada
mais externa, a membrana mamilonada. Tem coloração acastanhada quando
identificado nas fezes e pode ser fértil ou não. No interior do ovo fértil é
encontrada uma massa de células germinativas, que com o tempo formará o
embrião, sendo nomeado de ovo embrionado.
Formas larvárias –
representam o desenvolvimento do embrião até chegarem à forma adulta. Elas passam por várias mudas ou ecdises, em que abandonam o revestimento cuticular e
fabricam nova cutícula.
Adulto – é um verme alongado,
com corpo cilíndrico, extremidades finas e recoberto por cutícula. Possui boca
com papilas sensoriais envolta por três lábios. O adulto do Ascaris
lumbricoides se alimenta dos nutrientes já digeridos presentes no intestino
delgado e ainda, se necessitarem, são capazes de produzir enzimas que degradam
proteínas, carboidratos e lipídeos. Os
vermes possuem dimorfismo sexual sendo a fêmea maior que o macho e com a
extremidade reta. Já o macho possui extremidade curvada com duas espículas que
auxiliam na reprodução.
Ciclo biológico
É monoxeno
e o verme obrigatoriamente passa pelo pulmão, sendo o ser humano o hospedeiro
definitivo. Os embriões, dentro dos ovos, transformam-se em larvas após serem eliminados com as fezes do hospedeiro. O ovo embrionado passa pelas fases de larvas rabditoides (larvas L1 e
L2), que ainda não são infectantes. Somente após passar pela fase de larva
filarioide (larva L3) tornam-se aptos a infectar quem o ingerir. Portanto, o
ovo do áscaris só é capaz de infectar o ser humano se contiver larvas maduras
em seu interior, as larvas L3. Se as larvas dentro do ovo ainda estiverem nas
fases L1 ou L2, o verme não é capaz de sobreviver no trato digestório do
hospedeiro, portanto, não contamina quem o ingerir.
Os ovos
infectantes ingeridos liberam as larvas L3 no duodeno, a primeira porção do
intestino delgado. Uma vez livres, as larvas L3 atravessam a parede do
intestino delgado e alcançam a corrente sanguínea, migrando para o fígado,
coração e pulmões.
Nos
pulmões, as larvas L3 sofrem mais duas mudas, tornando-se L4 e depois L5. As L5 migram
para o sistema respiratório superior, até próximo à cavidade oral, podendo ser
expelidas pela boca através da tosse ou podem ser deglutidas, voltando para o trato
gastrointestinal. Uma vez no intestino delgado a larva L5 sofre sua última
muda, tornando-se um verme adulto. Para a postura de ovos é necessário ter pelo
menos um adulto fêmea e um macho. Se a infecção for apenas com fêmeas os ovos
serão inférteis. Se for apenas com machos, não ocorre a postura de ovos.
Sintomas
Os
sintomas estão relacionados com a carga parasitária, resposta imune do
hospedeiro, migração das larvas e com a localização dos vermes adultos. Quanto
maior a carga parasitária, maior a quantidade de sintomas. Os principais são os
intestinais, com diarreias, dores abdominais e flatulência. A migração das
larvas pode causas lesões com micro hemorragias no fígado e pulmão. Em grande
quantidade os vermes geram pneumonia e fibrose hepática. A migração errônea do parasito adulto para
outros órgãos pode gerar complicações. Há relatos de Ascaris no ducto
biliar, apêndice, eliminação pela boca ou narina, dentre outros locais. Outro
fator presente é a competitividade por nutrientes com o hospedeiro, podendo
levar à desnutrição e emagrecimento. Uma ocorrência comum em infestações discretas
a densas é a obstrução intestinal.
Diagnóstico
É realizado
pelo exame de fezes, como a postura de ovos é constante uma amostra basta
para o sucesso do diagnóstico. A sorologia existe, mas não é indicada por ser
pouco sensível. O método molecular chamado reação em cadeia da polimerase,
conhecido pela sigla PCR (Polymerase Chain Reaction), pode ser usado,
mas não é um método comum para essa parasitose e não descarta a necessidade do
exame de fezes.
Tratamento e profilaxia
Existem
diversos fármacos para tratar a ascaridíase e cada paciente deve ser avaliado a
fim de selecionar o medicamento que traz mais benefícios para o quadro clínico
apresentado. Intervenções cirúrgicas ocorrem apenas em casos urgentes. O
tratamento deve ser feito concomitantemente com medidas preventivas para evitar
reinfecções.
A prevenção,
como acontece com outros parasitos do trato intestinal, se baseia no saneamento
básico, correta higiene pessoal, lavagem de alimentos, consumir água tratada ou
fervida, tratamento dos doentes e diagnóstico precoce.
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Bons estudos!!!
Para a escrita desse texto
as referências abaixo foram consultadas
NEVES, David Pereira; MELO,
Alan Lane de; LINARDI, Pedro Marcos; VITOR, Ricardo W. Almeida. Parasitologia
Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
REY, Luís. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2009. Ebook. ISBN 978-85-277-2026-7. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-277-2026-7
SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo;
GOMES, Andréia Patrícia; SANTOS, Sávio Silva. SANTANA, Luiz Alberto. Parasitologia: fundamentos e prática clínica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2020. Ebook. ISBN 9788527736473. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736473.
Muito bom, heim? Parabéns pelo trabalho.
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