Te inserindo no mundo da parasitologia - Conceitos gerais

 

A parasitologia é a área da ciência que estuda organismos que parasitam outros seres. Mas como definimos o termo parasito?

Um parasito, com capacidade de parasitar plantas, animais e humanos, é aquele indivíduo que irá vincular seu metabolismo ao do seu hospedeiro obtendo todos ou quase todos os nutrientes dele para a sua sobrevivência.

Dependendo de onde o parasito retira esses nutrientes, ele poderá ser denominado como ectoparasito ou endoparasito. Os ectoparasitos retiram os fatores para seu crescimento do hospedeiro e do ambiente, por exemplo, o piolho do gênero Pediculus e o bicho do pé da espécie Tunga penetrans retiram oxigênio do ambiente e, portanto, são ectoparasitos. Parasitos que dependem exclusivamente do hospedeiro para sobreviver, retirando dele todos os nutrientes que precisa são chamados de endoparasitos. Alguns exemplos são: o protozoário Trypanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas e o helminto Ascaris lumbricoides, popularmente conhecido como lombriga.

O termo hospedeiro designa aquele indivíduo que será parasitado, que hospedará e albergará o parasito. Ele ainda pode ser denominado de hospedeiro intermediário ou hospedeiro definitivo. Os hospedeiros intermediários são aqueles nos quais o parasito não se desenvolve por completo, ou seja, ele não atinge a maturidade ou se reproduz assexuadamente. Por outro lado, o hospedeiro definitivo será aquele no qual o parasito consegue chegar à maturidade e se reproduzir de forma sexuada.

Os organismos responsáveis por provocar a doença são chamados de agentes etiológicos, por exemplo, o agente etiológico da malária é o Plasmodium sp. Muita gente confunde os agentes etiológicos com o vetor da doença. O vetor é um organismo que servirá de transporte para o parasito, e que, em muitos casos, também servirá como hospedeiro intermediário da doença. Um exemplo é o inseto do gênero Anopheles, vetor e hospedeiro intermediário do parasito da malária.

Todos os parasitos possuem um ciclo biológico que mostrará como ele nasce, sua evolução até se tornar infectante e como se reproduz. No ciclo é onde todas as informações sobre o parasito estão reunidas. Portanto, ao compreender o ciclo biológico você saberá as formas de propagação, quais os hospedeiros, se possui vetor, terá pistas de quais os sintomas da doença e as formas de prevenção.

O ciclo pode ser denominado monoxeno ou heteroxeno. Essas definições dependem da quantidade de hospedeiros envolvidos em um ciclo. Monoxeno ou monogenético é quando o parasito possui apenas um hospedeiro, e heteroxeno ou digenético é quando o parasito possui mais de um hospedeiro para completar seu ciclo evolutivo. Fique atento, um parasito que consegue parasitar vários animais diferentes, mas precisa de apenas um para completar todo o seu ciclo é monoxeno e não heteroxeno.

Outro fato sobre os parasitos, é que causar a morte do hospedeiro não é vantajoso para ele, uma vez que o parasito também morrerá. Por causa disso, muitas vezes o hospedeiro não sente que está sendo parasitado, porque o grau de patogenicidade, que é a capacidade do organismo de provocar lesão no outro, é baixo. Sendo assim, conseguimos concluir que a intensidade dos sintomas da doença parasitária não depende só do parasito, mas de diversos fatores, como a idade, nutrição e resposta imune do hospedeiro, da carga parasitária, da linhagem do parasito e da virulência, que é a gravidade e a rapidez na qual o parasito ocasiona lesão no hospedeiro.

Essas características causam impacto principalmente na permanência de doenças numa comunidade, pois as doenças não se distribuem aleatoriamente na população, se ela está presente ali, é porque existem fatores que possibilitam a doença ocorrer, muitas vezes caracterizando regiões como endêmicas.

A parasitologia está ligada à epidemiologia, pois precisamos saber a distribuição da doença, o local que ela ocorre, quais os fatores de risco naquele ambiente, dentre muitas outras questões. Como mencionado anteriormente, uma região pode ser endêmica para uma doença, ou seja, é um local no qual a doença ocorre com frequência. É o caso da malária na região norte do Brasil. A doença também poderá ser epidêmica, quando um local que normalmente não apresenta casos da doença, começa a relatar várias pessoas infectadas. Ou no caso de regiões endêmicas registrar mais casos que o esperado em um determinado tempo. Também podemos chamar esses casos de surto epidêmico. Um exemplo foi o surto epidêmico da Doença de Chagas no Maranhão em março de 2018.

 Então, podemos citar três fatores que se relacionam e que formam a tríade epidemiológica da doença: (1º) o hospedeiro, (2º) o agente etiológico e (3º) o meio ambiente, local onde o hospedeiro e o agente infeccioso estão presentes.

Portanto, para o sucesso da infecção, pensando no lado do parasito, é necessário que exista a presença do hospedeiro, vetores e agentes etiológicos em um mesmo lugar e ao mesmo tempo. Também é preciso que o meio ambiente seja compatível e favorável para que o agente consiga sobreviver e se reproduzir. E por fim, a quantidade de hospedeiro e agentes devem conseguir manter e assegurar a passagem do parasito de um hospedeiro para outro garantindo assim a permanência da doença parasitária.


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Para elaborar esse texto, as seguintes referências foram consultadas

NEVES, David Pereira; MELO, Alan Lane de; LINARDI, Pedro Marcos; VITOR, Ricardo W. Almeida. Parasitologia Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2004.

REY, Luís. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. Ebook. ISBN 978-85-277-2026-7. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-277-2026-7


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