Tricomonas vaginalis e a tricomoníase

 


A família Trichomonidae

Essa família é composta por protozoários flagelados. São três espécies que parasitam o ser humano: Trichomonas tenax, Pentatrichomonas hominis e o Trichomonas vaginalis. Apenas a última espécie, T. vaginalis, é patogênica. Explicaremos mais detalhadamente sobre ela no decorrer desse texto.

O Trichomonas tenax habita a cavidade bucal vivendo ao redor do tártaro dentário, nas cáries e lesões que possam aparecer. Não possui nenhuma patogenicidade comprovada. Sua transmissão se dá por partículas de saliva, tosse ou fala e beijo. O controle é feito com a higiene dentária e controle das cáries.

O Pentatrichomonas hominis vive no intestino e se alimenta de bactérias e matéria orgânica, não é patogênico e só é visível nas fezes diarreicas. A transmissão é por via fecal-oral. A profilaxia consiste em adotar hábitos de higiene.

 

Trichomonas vaginalis

O Trichomonas vaginalis é o agente etiológico da tricomoníase. O protozoário é extremamente específico ao seu habitat, o trato urogenital humano, causando infeção apenas nesse ambiente. O pH ideal para sua sobrevivência é entre 5 e 7,5 e a temperatura entre 20 e 40 graus Celsius. Têm quatro flagelos de diferentes tamanhos e um quinto flagelo central.

Possui formato variável, que pode se modificar dependendo das condições do meio, como alterações no pH e temperatura, se apresentando na forma oval, elipsoide ou esférica. Seu metabolismo é anaeróbico e capaz de armazenar energia na forma de glicogênio. Sua reprodução é feita por divisão binária.

Esse protozoário também consegue emitir pseudópodes para se alimentar e possui apenas a forma trofozoítica, que é a forma ativa, na qual o parasito é capaz de se reproduzir e se alimentar, não possuindo forma cística.

 

Ciclo biológico e transmissão

O ciclo biológico do Tricomonas vaginalis é muito simples. Por parasitar o sistema geniturinário, é transmitido pela relação sexual de uma pessoa contaminada para outra saudável.

A transmissão por outras vias é rara e pode ocorrer por via vertical, da mãe para o recém-nascido no parto. E já foi comprovado transmissão por fômites, objetos contaminados compartilhados.

 

Infecção e sintomas

Como o parasito tem prevalência na população feminina, há autores que consideram que a mulher seria o hospedeiro definitivo e o homem atuaria como vetor do protozoário. Isso acontece porque na maioria dos homens infectados a doença é assintomática e a infeção autolimitada, visto que a quantidade de parasitos é controlada pela eliminação mecânica na urina ou no sêmen. Por não causar sintomas, muitas vezes homens infectados não procuram atendimento médico e acabam disseminando o parasito.  O protozoário no homem coloniza a uretra, próstata, bexiga e vesícula seminal. Quando a infecção nos homens chega a causar sintomas, eles se manifestam por uretrite com corrimento purulento, disúria e sensação de queimação após relação sexual.

O protozoário induz aumento do pH vaginal quando se instala na vagina, tornando o ambiente básico além de levar à diminuição de lactobacilos responsáveis pela acidez vaginal, também chamados de bacilos de Doderlein e o aumento de bactérias anaeróbicas. O contato do protozoário com a mucosa vaginal ativa a resposta imune, atraindo leucócitos e provocando uma inflamação que gera sintomas de vaginite, corrimento vaginal fétido de cor amarelo esverdeada e com aspecto bolhoso. A mulher pode apresentar também dor ao urinar e aumento da frequência urinária.

 

Diagnóstico

Como os sintomas são parecidos com os de outras infeções sexualmente transmissíveis, o diagnóstico é complexo, principalmente nos homens. Os exames recomendados são a microscopia a fresco, a cultura, a reação em cadeia de polimerase, conhecida como PCR (Polymerase Chain Reaction) e a detecção de antígenos. A visualização do parasito se movendo no esfregaço a fresco é o diagnóstico mais rápido, mas nem sempre isso é possível, pois o protozoário perde sua movimentação após 10 minutos, podendo levar a falsos-negativos. E ainda, muitos consultórios médicos não possuem um microscópio ótico. Quando o esfregaço a fresco não for possível, deve-se colher o material e colocar em um conservante e a amostra deve ser analisada e inoculada em meio de cultura em menos de 24 horas. O cultivo no meio de cultura é um processo lento, levando de 5 a 7 dias para sair o resultado.

 

Tratamento

O tratamento é feito com fármacos específicos e há crescente preocupação com linhagens de tricomonas resistentes a ele. O parceiro sexual também deve ser tratado mesmo sem apresentar sintomas. E tanto no homem quanto na mulher, se não tratada, a tricomoníase pode gerar infertilidade permanente.

 

Profilaxia

A profilaxia é a mesma para combater outras infecções sexualmente transmissíveis, sendo o uso correto do preservativo durante a relação sexual, o método mais indicado.

 

Mapa mental


Figura 1 – Resumo em forma de mapa mental.

 

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Bons estudos!!!

 

Para a elaboração desse texto, as referências abaixo foram consultadas

 

NEVES, David Pereira; MELO, Alan Lane de; LINARDI, Pedro Marcos; VITOR, Ricardo W. Almeida. Parasitologia Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2004.

REY, Luís. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. Ebook. ISBN 978-85-277-2026-7. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-277-2026-7

SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo; GOMES, Andréia Patrícia; SANTOS, Sávio Silva. SANTANA, Luiz Alberto. Parasitologia: fundamentos e prática clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020. Ebook. ISBN 9788527736473. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736473.

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